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08/07/2009
 

 

Duas patentes internacionais são concedidas a pesquisadores do INCT – NanoBiofar

Medicamentos patenteados na China e no Canadá trazem inovações para o combate de doenças cardiovasculares, como a hipertensão

Na vanguarda das pesquisas científicas, professores da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG levam o que há de mais moderno em termos de medicamentos para doenças cardiovasculares para dois importantes mercados do mundo: China e Canadá.

Um medicamento cujo princípio ativo é a Angiotensina (1-7), com sistema de liberação controlada, indicado para o tratamento de doenças cardiovasculares, foi uma das primeiras patentes do Brasil, na área farmacêutica, concedida pela China. Já a formulação farmacêutica contra a hipertensão, que aumenta a duração do efeito de um anti-hipertensivo, administrado via oral, teve patente aprovada no Canadá. Há também pedidos de proteção intelectual dos mesmos medicamentos em análise na Coreia, nos Estados Unidos, Europa, Índia, Japão e México.

Esta é a primeira patente concedida pela China à UFMG e o medicamento é resultado de mais de 10 anos de pesquisas, realizadas por uma equipe de mais de 20 pesquisadores, pertencentes ao Laboratório de Hipertensão e ao Laboratório de Formulações Químicas da UFMG, ambos vinculados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) – NanoBiofar. “A metodologia patenteada diminui a velocidade de absorção do medicamento no organismo e aumenta a sua eficácia”, enfatiza Robson Santos, coordenador do INCT-NanoBiofar e um dos inventores pela pesquisa. A princípio, medicamento patenteado na China só poderá ser fabricado na China, porém, poderá ser comercializado para qualquer outro país.

Considerada a grande responsável por doenças coronarianas, cerebrais e vasculares renais, a hipertensão é a principal causa de morte e incapacidade entre adultos. Na maioria dos países, mais de 20% da população adulta sofre de pressão arterial elevada. “A formulação Angiotensina (1-7) é uma inovação radical, ou seja, não há nada nem parecido no mercado. Descobrimos uma propriedade e inventamos uma formulação que pode contribuir para melhorar a vida dos hipertensos”, completa professor Robson. Com base na patente depositada na China, estão sendo realizados os primeiros testes no Brasil.

Já a patente concedida pelo Canadá, cuja formulação também foi criada por pesquisadores do INCT – NanoBiofar, é referente a uma inovação incremental, ou seja, nenhum novo medicamento foi inventado, apenas melhoraram um medicamento que já existe no mercado. “O produto que temos hoje disponível aos consumidores age por pouco tempo e o que reformulamos, em vez de o paciente ter que tomar duas ou três doses diárias, poderá vir a tomar uma só”, diz o pesquisador Robson.

O medicamento está em fase de testes clínicos (fase 1/2), que avaliam a eficácia e a segurança. Depois desses testes, já é possível iniciar a fase 3 e a possível comercialização do produto. “O Canadá foi o primeiro país que julgou a patente. A tendência é que ela também seja concedida em outros países, inclusive o Brasil”, afirma Santos.

Vale lembrar que se os produtos forem patenteados no Brasil, a indústria farmacêutica brasileira vai entrar de vez no mercado, criando um produto inovador, que abre uma série de possibilidades para o país.

Patentes no Brasil

O Brasil apresenta características peculiares em relação à evolução do manejo da propriedade intelectual e de inovação. Ao contrário do que ocorre em alguns países, as universidades brasileiras, quando comparadas ao setor industrial, lideram a produção de patentes.

E a UFMG despontou entre as universidades públicas com grande número de pedidos de patente depositados no Brasil e no exterior, bem como com a assinatura de contratos de transferência de tecnologia para o setor privado.

É importante destacar que o conceito de propriedade intelectual (PI) relaciona-se a bens intangíveis ou imateriais, ou seja, a toda criação do intelecto, o que compreende capital humano, capital organizacional, know-how, patentes, marcas, indicações geográficas, direitos autorais e conhecimentos tradicionais, entre outros.

Juliana Morato
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