Notícias
 
02/09/2009
 

 

UFSC investe na convergência digital para melhoria dos serviços de saúde

Na TV digital, um programa de auditório com especialistas em saúde, discutindo temas do cotidiano, como o stress – e telespectadores participando de suas casas, pelo controle remoto. Na internet, exames disponibilizados em bancos de dados e sala de laudo virtual, para agilizar o atendimento ao paciente e evitar deslocamentos de cidades do interior para a capital.

Responsável pelo desenvolvimento e implementação de conteúdos e serviços como estes, a UFSC já deu suporte à implantação da Rede Catarinense de Telemedicina e desenvolveu projetos para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Interativa. Agora, com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Convergência Digital (INCoD), vai ampliar e aprimorar os benefícios que as tecnologias de informação e comunicação podem proporcionar para a qualificação dos serviços de saúde.

Com a aprovação do instituto, proposto em parceria com pesquisadores de instituições de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro (veja abaixo), a equipe do projeto Cyclops, ligado ao Departamento de Informática e de Estatística da UFSC, receberá financiamento de cerca de R$ 4 milhões para ampliar a pesquisa nesse campo.

A proposta prevê desenvolvimento de tecnologias, conteúdos e serviços, direcionados tanto ao cidadão quanto a profissionais da área de saúde. E para veiculação dos produtos em pelo menos três plataformas: internet, telefonia móvel de banda larga e televisão digital interativa.

Serviços para o médico e o cidadão
Para o profissional da saúde um dos focos será proporcionar a segunda opinião e a discussão de casos. Serviços do gênero já foram desenvolvidos pelo grupo Cyclops, como a Sala de Laudo Virtual, que funciona na internet, e o ambiente assíncrono de segunda opinião formativa e discussão de casos, criado para o Programa Telessaúde Brasil. Agora as funcionalidades desses serviços serão ampliadas e aprimoradas.

Para o cidadão serão desenvolvidos sistemas para marcação de consultas em postos de saúde ou unidades ambulatoriais, além de mecanismos para consulta a prontuário e resultados de exames – e experimentações serão realizadas tanto via TV digital, como telefonia móvel e internet. Também nesse campo o grupo Cyclops já possui experiências anteriores. Um aplicativo ´Consulta a prontuário` foi desenvolvido para o Portal de Saúde, de demonstração do Sistema Brasileiro de TV Digital.

“A partir desse conjunto de serviços o instituto permitirá a realização de testes para estudo e validação de linguagens e formatos de conteúdo, dos recursos de interatividade e segurança de dados em cada uma das plataformas tecnológicas e mídias”, explica o professor Aldo von Wangenhein, do Departamento de Informática e de Estatística da UFSC, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Convergência Digital. Segundo ele, os estudos vão permitir também a elaboração de um conjunto de Cadernos de Recomendações que será material de referência para a futura disponibilização de serviços de atenção à saúde e outros de estrutura similar.

Educação em saúde
A educação a distância em saúde é outro foco do instituto. Nesse campo serão pesquisados conteúdos e linguagens para as diversas mídias, mas um grande potencial é vislumbrado em relação à TV digital. Suas possibilidades serão direcionadas a aproximar a população dos serviços de saúde, além de atender a profissionais, oferecendo conteúdo técnico-científico para capacitação e atualização.

No campo da TV digital a proposta do instituto será conquistar o telespectador para que ele aproveite as informações de saúde. Para a equipe, um dos desafios é garantir o diálogo com o telespectador, para que os recursos de interatividade sejam explorados.

Uma das metas é o desenvolvimento de um conjunto de quatro treinamentos voltados a profissionais da Estratégia de Saúde da Família, especialmente agentes comunitários de saúde. Os programas serão veiculados na TV digital, através da TV Cultura de Santa Catarina, e via internet, a partir do Núcleo de Telessaúde de Santa Catarina, englobando a Rede Catarinense de Telemedicina.

A idéia é também trabalhar com um canal de TV na internet e com a telefonia móvel de banda larga. Temas prévios selecionados são hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, câncer de pele com enfoque no pescador ou câncer de cavidade bucal, além de gravidez na adolescência. Também nesse caso a expectativa do grupo é gerar Cadernos de Recomendações, para a futura produção de conteúdo para serviços de educação a distância.

Qualidade e segurança
Ao mesmo tempo em que proporcionam uma série de vantagens, sistemas de telemedicina trazem preocupações relacionadas à segurança, confiabilidade, privacidade, eficiência e eficácia da tecnologia. O radiologista em um centro médico recebe imagens com resolução apropriada para efetuar sua avaliação? Os dados e informações do paciente estão protegidos do acesso de pessoas não autorizadas? Existirão erros de trocas de informações de exames?

Levando em conta estas e outras preocupações, a equipe do INCoD vai trabalhar também no sentido de proteger o público de tecnologias de telemedicina não testadas e inseguras. Entre os objetivos está a concepção de um padrão de referência para o desenvolvimento e manutenção de software e serviços em telemedicina. Os estudos e testes deverão também colaborar com a elaboração de normas e padrões para informática em saúde e telemedicina no Brasil. Uma série de outras metas, experimentações e desafios envolvem a telefonia móvel.

Impactos na saúde
“A TV digital interativa e a telefonia móvel de banda larga permitirão a implementação de um grande número de serviços inovadores na área da saúde, que aumentarão o grau de inclusão social, democratização da informação e melhoria de serviços de saúde”, defende Aldo, lembrando que estes avanços podem estar tanto em termos gerenciais e operacionais como clínicos.

“No Brasil, em especial, em função de características geográficas e da penetração e disseminação que as mídias televisão e telefonia móvel possuem, a migração da oferta de serviços de saúde, tanto ao profissional como ao cidadão, da internet para outras mídias, será de extrema importância tanto para a expansão e agilização da oferta de serviços como para a gestão da saúde pública”, considera o pesquisador.

E ele lembra que a expectativa da equipe vai além do avanço do uso das mídias na saúde. “Todas as técnicas de preparo e apresentação de conteúdos terão aplicação em outras áreas, que poderão se beneficiar da convergência tecnológica”, acredita Aldo.

Desafio: integração das mídias
O conceito de convergência digital é ainda bastante vago. Aplicado à tecnologia, o termo convergir significa agregar funções. A convergência digital pode então ser definida como a unificação de funções, que passam a utilizar uma única infraestrutura para prover serviços que requeriam equipamentos, canais de comunicação, protocolos e padrões independentes. A partir de cenários e possibilidades de aproveitamento desse potencial, a equipe do INCoD traça metas para seus trabalhos.

Um cenário que pode ser imaginado é uma criança mordida por uma aranha e familiares com inúmeras dúvidas, já que existem no Brasil pequenas aranhas marrons com picada indolor, mas cujo veneno possui ação lenta e causa necrose do tecido, pode gerar ferimentos profundos e com vários centímetros de extensão.

Em Santa Catarina e alguns outros estados já existem bancos de imagens de animais peçonhentos, como é o caso do Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina [www.cit.sc.gov.br]. Além de acessar esse banco de dados, se a família da vítima possui um celular que tira fotos, pode obter imagens do animal e também do aspecto da lesão, e enviar ao CIT/SC (que já trabalha de forma rotineira com o recebimento de fotos de celular). No futuro, a família poderá também consultar a mesma base de imagens e instruções sobre o que fazer na TV.

Para aprimorar e ampliar esse tipo de serviço, a equipe do INCoD, em parceria com o CIT, trabalha com o objetivo de desenvolver uma plataforma tecnológica que agregue em uma base de dados toxicológicos a coleta, o armazenamento, o tratamento, a atualização, o gerenciamento das informações estatísticas e sua recuperação. A meta é proporcionar o acesso às informações de qualquer lugar e através de qualquer dispositivo ou meio de comunicação, por meio de uma interface única, ou funcionalmente equivalente.

“Na esmagadora maioria das aplicações hoje em uso, talvez à exceção dos aplicativos de home-banking, o desenvolvimento ainda é voltado apenas para uma plataforma. A convergência é o resultado da criatividade do usuário, que faz um serviço ser convergente através da manipulação criativa de mídias e plataformas”, avalia o professor Aldo von Wangenhein, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Convergência Digital. Ele lembra que esse é o caso do serviço de informações toxicológicas do CIT, em que usuários fazem “malabarismo” entre telefone, Internet e foto no celular para integração. A meta da equipe do INCoD é tornar a convergência uma realidade em cenários do gênero, e dessa forma colaborar com a melhoria da qualidade dos serviços de saúde.

Mais informações com o professor Aldo von Wangenheim / e-mails: awangenh@inf.ufsc.br / Fone: (48) 3721-9942

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

Saiba Mais:
Parceiros por estado:

Santa Catarina
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
- LAPIX - Laboratório de Processamento de Imagens e Computação Gráfica
- LabTelemed - Laboratório de Telemedicina
- NTDI - Núcleo de Televisão Digital Interativa
- LED - Laboratório de Ensino a Distância
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
- LQPS- Laboratório de Qualidade e Produtividade de Software

Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC)
- Núcleo de Telemedicina e Telessaúde de Santa Catarina

Sapiens Parque

TV Cultura de Santa Catarina – Fundação Jerônimo Coelho
Micromed Biotecnologia
São Paulo
- FMRP-USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo
- CTI – Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer
- ICMC-USP - Universidade de São Paulo - Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação
- GBdI - Grupo de Bases de Dados e Imagens
- UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo
Rio de Janeiro
- FIOCRUZ – Fundação Instituto Oswaldo Cruz

Cyclops
O Grupo Cyclops e o Grupo de Pesquisas em Informática Médica nasceram em 1997, tornando-se um projeto que desenvolve sistemas de informação hospitalar, principalmente nas áreas de telemedicina, prontuário eletrônico, sistemas de arquivamento e comunicação de sinais e imagens médicas, planejamento cirúrgico e suporte automatizado para diagnóstico por imagem.

Rede Catarinense de Telemedicina
A iniciativa evita que milhares de pacientes de cidades do interior de Santa Catarina se desloquem até um centro de referência para fazer exames. Para isso, foram implantados equipamentos para exames, como o eletrocardiograma, em diversos postos de saúde do estado. A partir destas unidades, o exame é realizado no próprio município e publicado no Portal de Telemedicina. Com apoio de comissões de avaliação, formadas por médicos, esse modelo leva a opinião do especialista ao interior do estado. O Grupo Cyclops e seus laboratórios associados deram suporte ao desenvolvimento desse modelo.

Rede Universitária de Telemedicina (RUTE)
A UFSC também faz parte de um grupo de 20 instituições de ensino que formam a Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), criada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, com apoio da Associação Brasileira de Hospitais Universitários. A rede conecta hospitais universitários de instituições de ensino e pesquisa de todo o país e promove a colaboração entre grupos de pesquisa em saúde. Uma das metas é o aprimoramento e validação de novas metodologias para a melhoria do atendimento à população e a redução de custos com as trocas de informações entre os hospitais.