UFSC
investe na convergência digital para melhoria dos serviços
de saúde
Na TV digital, um programa de auditório com especialistas
em saúde, discutindo temas do cotidiano, como o stress –
e telespectadores participando de suas casas, pelo controle remoto.
Na internet, exames disponibilizados em bancos de dados e sala de
laudo virtual, para agilizar o atendimento ao paciente e evitar
deslocamentos de cidades do interior para a capital.
Responsável pelo desenvolvimento e implementação
de conteúdos e serviços como estes, a UFSC já
deu suporte à implantação da Rede Catarinense
de Telemedicina e desenvolveu projetos para o Sistema Brasileiro
de Televisão Digital Interativa. Agora, com o Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia em Convergência Digital (INCoD),
vai ampliar e aprimorar os benefícios que as tecnologias
de informação e comunicação podem proporcionar
para a qualificação dos serviços de saúde.
Com a aprovação do instituto, proposto em parceria
com pesquisadores de instituições de Santa Catarina,
São Paulo e Rio de Janeiro (veja abaixo), a equipe do projeto
Cyclops, ligado ao Departamento de Informática e de Estatística
da UFSC, receberá financiamento de cerca de R$ 4 milhões
para ampliar a pesquisa nesse campo.
A proposta prevê desenvolvimento de tecnologias, conteúdos
e serviços, direcionados tanto ao cidadão quanto a
profissionais da área de saúde. E para veiculação
dos produtos em pelo menos três plataformas: internet, telefonia
móvel de banda larga e televisão digital interativa.
Serviços para o médico e o cidadão
Para o profissional da saúde um dos focos será proporcionar
a segunda opinião e a discussão de casos. Serviços
do gênero já foram desenvolvidos pelo grupo Cyclops,
como a Sala de Laudo Virtual, que funciona na internet, e o ambiente
assíncrono de segunda opinião formativa e discussão
de casos, criado para o Programa Telessaúde Brasil. Agora
as funcionalidades desses serviços serão ampliadas
e aprimoradas.
Para o cidadão serão desenvolvidos sistemas para
marcação de consultas em postos de saúde ou
unidades ambulatoriais, além de mecanismos para consulta
a prontuário e resultados de exames – e experimentações
serão realizadas tanto via TV digital, como telefonia móvel
e internet. Também nesse campo o grupo Cyclops já
possui experiências anteriores. Um aplicativo ´Consulta
a prontuário` foi desenvolvido para o Portal de Saúde,
de demonstração do Sistema Brasileiro de TV Digital.
“A partir desse conjunto de serviços o instituto permitirá
a realização de testes para estudo e validação
de linguagens e formatos de conteúdo, dos recursos de interatividade
e segurança de dados em cada uma das plataformas tecnológicas
e mídias”, explica o professor Aldo von Wangenhein,
do Departamento de Informática e de Estatística da
UFSC, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
para Convergência Digital. Segundo ele, os estudos vão
permitir também a elaboração de um conjunto
de Cadernos de Recomendações que será material
de referência para a futura disponibilização
de serviços de atenção à saúde
e outros de estrutura similar.
Educação em saúde
A educação a distância em saúde é
outro foco do instituto. Nesse campo serão pesquisados conteúdos
e linguagens para as diversas mídias, mas um grande potencial
é vislumbrado em relação à TV digital.
Suas possibilidades serão direcionadas a aproximar a população
dos serviços de saúde, além de atender a profissionais,
oferecendo conteúdo técnico-científico para
capacitação e atualização.
No campo da TV digital a proposta do instituto será conquistar
o telespectador para que ele aproveite as informações
de saúde. Para a equipe, um dos desafios é garantir
o diálogo com o telespectador, para que os recursos de interatividade
sejam explorados.
Uma das metas é o desenvolvimento de um conjunto de quatro
treinamentos voltados a profissionais da Estratégia de Saúde
da Família, especialmente agentes comunitários de
saúde. Os programas serão veiculados na TV digital,
através da TV Cultura de Santa Catarina, e via internet,
a partir do Núcleo de Telessaúde de Santa Catarina,
englobando a Rede Catarinense de Telemedicina.
A idéia é também trabalhar com um canal de
TV na internet e com a telefonia móvel de banda larga. Temas
prévios selecionados são hipertensão arterial
sistêmica, diabetes mellitus, câncer de pele com enfoque
no pescador ou câncer de cavidade bucal, além de gravidez
na adolescência. Também nesse caso a expectativa do
grupo é gerar Cadernos de Recomendações, para
a futura produção de conteúdo para serviços
de educação a distância.
Qualidade e segurança
Ao mesmo tempo em que proporcionam uma série de vantagens,
sistemas de telemedicina trazem preocupações relacionadas
à segurança, confiabilidade, privacidade, eficiência
e eficácia da tecnologia. O radiologista em um centro médico
recebe imagens com resolução apropriada para efetuar
sua avaliação? Os dados e informações
do paciente estão protegidos do acesso de pessoas não
autorizadas? Existirão erros de trocas de informações
de exames?
Levando em conta estas e outras preocupações, a equipe
do INCoD vai trabalhar também no sentido de proteger o público
de tecnologias de telemedicina não testadas e inseguras.
Entre os objetivos está a concepção de um padrão
de referência para o desenvolvimento e manutenção
de software e serviços em telemedicina. Os estudos e testes
deverão também colaborar com a elaboração
de normas e padrões para informática em saúde
e telemedicina no Brasil. Uma série de outras metas, experimentações
e desafios envolvem a telefonia móvel.
Impactos na saúde
“A TV digital interativa e a telefonia móvel de banda
larga permitirão a implementação de um grande
número de serviços inovadores na área da saúde,
que aumentarão o grau de inclusão social, democratização
da informação e melhoria de serviços de saúde”,
defende Aldo, lembrando que estes avanços podem estar tanto
em termos gerenciais e operacionais como clínicos.
“No Brasil, em especial, em função de características
geográficas e da penetração e disseminação
que as mídias televisão e telefonia móvel possuem,
a migração da oferta de serviços de saúde,
tanto ao profissional como ao cidadão, da internet para outras
mídias, será de extrema importância tanto para
a expansão e agilização da oferta de serviços
como para a gestão da saúde pública”,
considera o pesquisador.
E ele lembra que a expectativa da equipe vai além do avanço
do uso das mídias na saúde. “Todas as técnicas
de preparo e apresentação de conteúdos terão
aplicação em outras áreas, que poderão
se beneficiar da convergência tecnológica”, acredita
Aldo.
Desafio: integração das mídias
O conceito de convergência digital é ainda bastante
vago. Aplicado à tecnologia, o termo convergir significa
agregar funções. A convergência digital pode
então ser definida como a unificação de funções,
que passam a utilizar uma única infraestrutura para prover
serviços que requeriam equipamentos, canais de comunicação,
protocolos e padrões independentes. A partir de cenários
e possibilidades de aproveitamento desse potencial, a equipe do
INCoD traça metas para seus trabalhos.
Um cenário que pode ser imaginado é uma criança
mordida por uma aranha e familiares com inúmeras dúvidas,
já que existem no Brasil pequenas aranhas marrons com picada
indolor, mas cujo veneno possui ação lenta e causa
necrose do tecido, pode gerar ferimentos profundos e com vários
centímetros de extensão.
Em Santa Catarina e alguns outros estados já existem bancos
de imagens de animais peçonhentos, como é o caso do
Centro de Informações Toxicológicas de Santa
Catarina [www.cit.sc.gov.br]. Além de acessar esse banco
de dados, se a família da vítima possui um celular
que tira fotos, pode obter imagens do animal e também do
aspecto da lesão, e enviar ao CIT/SC (que já trabalha
de forma rotineira com o recebimento de fotos de celular). No futuro,
a família poderá também consultar a mesma base
de imagens e instruções sobre o que fazer na TV.
Para aprimorar e ampliar esse tipo de serviço, a equipe
do INCoD, em parceria com o CIT, trabalha com o objetivo de desenvolver
uma plataforma tecnológica que agregue em uma base de dados
toxicológicos a coleta, o armazenamento, o tratamento, a
atualização, o gerenciamento das informações
estatísticas e sua recuperação. A meta é
proporcionar o acesso às informações de qualquer
lugar e através de qualquer dispositivo ou meio de comunicação,
por meio de uma interface única, ou funcionalmente equivalente.
“Na esmagadora maioria das aplicações hoje
em uso, talvez à exceção dos aplicativos de
home-banking, o desenvolvimento ainda é voltado apenas para
uma plataforma. A convergência é o resultado da criatividade
do usuário, que faz um serviço ser convergente através
da manipulação criativa de mídias e plataformas”,
avalia o professor Aldo von Wangenhein, coordenador do Instituto
Nacional de Ciência e Tecnologia para Convergência Digital.
Ele lembra que esse é o caso do serviço de informações
toxicológicas do CIT, em que usuários fazem “malabarismo”
entre telefone, Internet e foto no celular para integração.
A meta da equipe do INCoD é tornar a convergência uma
realidade em cenários do gênero, e dessa forma colaborar
com a melhoria da qualidade dos serviços de saúde.
Mais informações com o professor Aldo von Wangenheim
/ e-mails: awangenh@inf.ufsc.br
/ Fone: (48) 3721-9942
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Saiba Mais:
Parceiros por estado:
Santa Catarina
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
- LAPIX - Laboratório de Processamento de Imagens e Computação
Gráfica
- LabTelemed - Laboratório de Telemedicina
- NTDI - Núcleo de Televisão Digital Interativa
- LED - Laboratório de Ensino a Distância
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
- LQPS- Laboratório de Qualidade e Produtividade de Software
Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC)
- Núcleo de Telemedicina e Telessaúde de Santa Catarina
Sapiens Parque
TV Cultura de Santa Catarina – Fundação Jerônimo
Coelho
Micromed Biotecnologia
São Paulo
- FMRP-USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –
Universidade de São Paulo
- CTI – Centro de Tecnologia da Informação Renato
Archer
- ICMC-USP - Universidade de São Paulo - Instituto de Ciências
Matemáticas e de Computação
- GBdI - Grupo de Bases de Dados e Imagens
- UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo
Rio de Janeiro
- FIOCRUZ – Fundação Instituto Oswaldo Cruz
Cyclops
O Grupo Cyclops e o Grupo de Pesquisas em Informática Médica
nasceram em 1997, tornando-se um projeto que desenvolve sistemas
de informação hospitalar, principalmente nas áreas
de telemedicina, prontuário eletrônico, sistemas de
arquivamento e comunicação de sinais e imagens médicas,
planejamento cirúrgico e suporte automatizado para diagnóstico
por imagem.
Rede Catarinense de Telemedicina
A iniciativa evita que milhares de pacientes de cidades do interior
de Santa Catarina se desloquem até um centro de referência
para fazer exames. Para isso, foram implantados equipamentos para
exames, como o eletrocardiograma, em diversos postos de saúde
do estado. A partir destas unidades, o exame é realizado
no próprio município e publicado no Portal de Telemedicina.
Com apoio de comissões de avaliação, formadas
por médicos, esse modelo leva a opinião do especialista
ao interior do estado. O Grupo Cyclops e seus laboratórios
associados deram suporte ao desenvolvimento desse modelo.
Rede Universitária de Telemedicina (RUTE)
A UFSC também faz parte de um grupo de 20 instituições
de ensino que formam a Rede Universitária de Telemedicina
(RUTE), criada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia, com apoio da Associação
Brasileira de Hospitais Universitários. A rede conecta hospitais
universitários de instituições de ensino e
pesquisa de todo o país e promove a colaboração
entre grupos de pesquisa em saúde. Uma das metas é
o aprimoramento e validação de novas metodologias
para a melhoria do atendimento à população
e a redução de custos com as trocas de informações
entre os hospitais. |